sexta-feira, 29 de julho de 2011

Irresponsabilidade no trânsito em São Paulo...

Amor, amor, amor...
(Deborah Rodrigues)

Conheceram-se há um ano, em São Paulo, no metrô, nessas quase impossíveis situações de idas e vindas diárias de milhares de pessoas do cotidiano de uma metrópole. Ela voltando da faculdade de Enfermagem e ele do Hospital onde fazia Residência. Como ela entrou correndo, esbarraram-se e seus livros esparramaram-se no chão, ele gentilmente ajudou-a recolhê-los e foi assim que Julia e Ronaldo se conheceram.
Sorrisos tímidos, aquela conversa inicial meio perdida, a troca de telefones e a expectativa do primeiro encontro. Ela tinha 21 anos e ele 23.
Todos sabem que a paixão não tem razão nem explicações, então nascia ali mais uma caso nas estatísticas de amor à primeira vista.
Seu primeiro encontro foi num botequim na Lapa, meio caminho para casa dos dois. Tocava pagode e Ronaldo pediu dois chopes sem saber que Julia não bebia, ela ficou com o copo na sua frente, ás vezes enganava e encostava o copo nos lábios “como se se pudesse fingir que um copo se esvazia” assim magicamente. Mas quando ele desviava a atenção ela jogava um pouco no chão.
Conversaram, descobriram muitas coisas em comum, como cinema e viajar, outras não, como pagode e chope, Ronaldo ficou vermelho, os dois riram muito, então trocaram o copo de Julia, finalmente, por um de refrigerante antes que alguém escorregasse no chope derramado. Partiram então e o encanto da noite foi selado pelo primeiro beijo.
Ambos seguiram para suas casas.
Julia seguiu sonhando com um príncipe.
Ronaldo com o quanto um relacionamento agora poderia atrapalhar seus planos para o futuro. Sem contar o quanto sofrera em seu último relacionamento. Jurara a si mesmo que nunca mais iria dizer eu te amo a mulher alguma... Mas Julia era tão meiga, tão especial, realmente mexera com ele.
Bem decidiu pensar durante uma semana antes de ligar novamente para ela.
Júlia acordou cedo no dia seguinte, alegre, disposta, contou a todas as amigas que conhecera o homem mais gentil de sua vida. De um em um minuto ela olhava o celular, conferia a bateria, o sinal e nada. Como tinha prova manteve no silencioso, mas ele não tocou. Falara ela algo que ele não gostou? Teria causado má impressão em algum momento? As horas passaram, o dia passou, anoiteceu e antes de adormecer ela chorou porque ele não ligou e por ter sonhado em vão.
Do outro lado Ronaldo, por vários momentos teve o ímpeto de ligar, mas lembrou de sua decisão, das metas, de sua decepção.
Com 18 anos entrou na faculdade de medicina da USP onde conheceu Ana, uma menina simples vinda do interior, pela qual se apaixonou. Namoraram e a paixão virou amor, fizeram planos de casar e após fazer a residência irem fazer mestrado e doutorado no exterior, tudo bancado pela família de Ronaldo já que a família de Ana era de baixa renda. Fizeram uma linda festa de noivado na casa da família de Ronaldo quando completaram 3 anos de namoro, ela estava linda, a morena dos olhos de esmeralda.
Aproveitando que ela se afastara para ir ao banheiro ele foi buscar o presente que havia comprado para ela, um lindo colar da cor de seus olhos. Mas ao abrir a porta do closet, depara-se com o amor de sua vida, nos braços de Marcos, seu melhor amigo, num beijo apaixonado, seu mundo ruiu, naquele momento jurou nunca mais amar novamente.
Mudou de faculdade. Afastou-se de todos. Fechado para o mundo seguiu com os planos de terminar a residência e partir para o exterior só que agora permanecer definitivamente.
Mas Júlia... Por que agora? Realmente ela tinha algo especial, lhe transmitira segurança. Não parecera ser como a interesseira Ana. Pensou nela o dia todo. E antes de adormecer foi seu último pensamento.
Júlia acordou triste, bem diferente do dia anterior, as amigas perceberam e então preferiram não comentar sobre Ronaldo.
Mesmo assim ele não saía de seu pensamento porque ele não lhe havia passado essa imagem de Don Juan. Ele passou a imagem de um homem sincero, interessante, cativante. Será que ela se enganara? Será que acontecera algum acidente, algo grave? Decidiu ligar a noite, caso ele não fizesse contato.
Na sala de cirurgia, Ronaldo terminava os procedimentos pós-cirúrgircos quando uma voz diz:
-Enfermeira Júlia, por favor!
Prontamente ele se vira e sorri, mas não, não era a sua Júlia. Minha Júlia? Quanta arrogância a minha! Minha Júlia... Foi aí que ele entendeu, que o coração sempre fala mais alto que a razão. A Júlia já estava dentro dele, já era a Júlia dele e não adiantava se enganar, fugir, se esconder. Saindo da sala de cirurgia ele ligou para Júlia, marcaram um jantar.
Ele levou rosas.
Ela levou sonhos.
Começaram a namorar então naqueles 24 de abril de 1987.
Viveram momentos lindos e difíceis também porque Ronaldo tinha muitas inseguranças.
Júlia teve que ter muita paciência com ele.
Resolveram comemorar o seu primeiro aniversário de namoro naquele mesmo botequim da Lapa, chegariam separados igualzinho a primeira vez.
Ronaldo contratou uma serenata e iria pedir Julia em casamento e pela primeira vez, sentia-se forte o suficiente para dizer que a amava, seria a primeira de muitas noites inesquecíveis que teriam.
Ele a avistou em um vestido lindo, vermelho do outro lado da via, e disse a todos com os olhos lacrimejando:
-Vejam como é linda minha Julia!
O sinal abriu para os pedestres e ela como uma princesa atravessando o tapete vermelho cruzou a viu.
De repente, o barulho, o vidro estilhaçado pelo chão, o grito de dor, o silêncio...
Um carro furou o sinal em alta velocidade e atinge sem piedade e a “Julia de Ronaldo” flutua feito anjo sem asas pelo ar.
Ronaldo corre, a abraça e pede:
-Julia não se vá!Eu te amo!
Ela abre os olhos, sorri como quem já sabia e pouco a pouco adormece nos braços de seu amor... Para não mais acordar.

domingo, 24 de julho de 2011

Com conjuntivite, mas se uma de minhas médicas acessarem meu blog eu juro estou sendo rápida e estou de óculos de sol...

Aquarela
(Deborah Rodrigues)

Na minha vida
Tudo mudou
Desde o dia
Em que meus olhos
Cruzaram os teus
Amor maior
Nunca encontrei
Promessa de felicidade
Sinto que é amor
Sinto que é paixão
Quero você
Ao meu lado
Na eternidade
Meu corpo chama o teu
Minha boca procura a tua
E quando adormeço
Em meu sonho te encontro
Teu nome tem sabor de esperança
De que a vida reencontre seu sentido
Preciso de Você
Quero Você
Fique comigo
Ao menos uma noite
Me faça mulher
Desfaça meus nós
Arranca de mim
Essa lágrima que insiste em cair
Vamos recriar meu destino
E pintar em minha alma
Com aquarela
Um arco-íris de amor...

terça-feira, 19 de julho de 2011

Existem bons e maus profissionais em todos os setores da sociedade, infelizmente, quando são encontrados na SAÚDE o caos toma conta do PAÍS.

Carta a um médico
(Deborah Rodrigues)

Ei, olha para mim!
Sou essa pessoa sentada em sua frente enquanto você meticulosamente observa um papel em branco em sua frente.
A caneta circula entre em seus dedos ansiosa para dar fim aquele momento.
-Dói onde?
-Desde quando?
-Toma alguma medicação?
-Alguma doença coronária ou diabetes na família?
-Vou prescrever uma medicação, não melhorando os sintomas retorne em quinze dias.
Passaram-se 8 minutos desde o início da consulta.
Nesse momento você me pergunta meu nome, apenas para constar da receita, fico imaginando que cor seriam seus olhos.
O que te tornou assim tão austero, frio, distante.
Busco fotos de família no consultório e encontro a tradicional foto de família.
Mas há algo errado. Como alguém com uma família tão bonita, com um trabalho que por certo lhe exigiu anos de estudo e de dedicação e no qual foi vitorioso, pode ter de repente desistido de sonhar. Sim por que pelo que vejo, assim que conquistou a meta, declarou-se "realizado" e parou no tempo, iniciando nesse o momento o contador  de dias que faltam para aposentadoria.
Um paciente, é apenas mais um.
Um diagnóstico, é apenas mais um.
Um novo dia, é apenas mais um.
Mas e se o amanhã não chegar?
Qual o CID para desperdício de vida?
Bem se fosse no meu caso, você diria, depressão e me receitaria um antidepressivo.
Só que no meu diagnóstico eu diria falta de coragem e receitaria desafios.
Porque se tudo está tão confortável como está, para que mexer não é mesmo.
Para que ser feliz, se já se tem tanto!
Você me entrega sua receita, ainda com os olhos para aquele "santo" papel que para você é a expressão suprema de seu conhecimento a cerca do ser humano.
-Até mais.
Não me levanto e ele finalmente olha para mim, repetindo mentalmente com seu olhar, até mais!
São azuis, lindos olhos azuis.
-Até mais eu disse e a propósito, apesar dessa expressão tensa cansada, os seus olhos ainda conseguem se sobressair, só falta reencontrar o brilho deles...
Saí, sabendo que ele me observava assombrado, ou pela minha suposta petulância, ou por eu ter provocado nele a lembrança de quem um dia ele foi...

domingo, 17 de julho de 2011

Noite... pessoas andando em círculos buscando algo que só encontrarão dentro de si mesmas...

Noite
(Deborah Rodrigues)

É noite
Lá fora somente escuridão
Cães ladram
Um bêbado tropeça em uma lata de lixo
Carros passam num vai e vem sem motivo
É na noite que as pessoas se travestem
Fingindo ser felizes
Caçam-se uma as outras
Todos solitários
Uivando pra lua
Somos assim
Perdemos o que temos
Buscamos o que não podemos ter
Até quando?
Essa solidão
Esse vazio
Essa dúvida que fere?
Até quando?
A desilusão
O fel
O ostracismo?
noite infinda
dor intensa
Solidão...


domingo, 10 de julho de 2011

Essa semana clonarama meu cartão e levaram todo meu salário. Sabe-se lá quando o Banco vai ressarcir meu dinheiro, fiquei lembrando do tempo em que acreditava em justiça e segurança.

Heróis
(Deborah Rodrigues)

Eu tinha heróis em minha vida
Mas eram heróis de fumaça
Que o vento dissipa
Num sopro preciso

Heróis de mentira
Imaginários
Lendários
Irreais

Eu brincava com eles
Todas as noites
Heróis de papel
Heróis de brinquedo

Hoje são tênues lembranças
De meus tempos de criança
Em que eu acreditava
Em heróis de verdade...

quinta-feira, 7 de julho de 2011

quarta-feira, 6 de julho de 2011

No palco da vida, somos todos bailarinos...

Bailar
(Deborah Rodrigues)


Baila bailarina
Baila que é curta a vida
Rodopia com alegria
Esquece o mal que passou
A dor que te tomou



Baila bailarina
O amanhã nunca chega
A tempestade sempre passa
Desamar e sofrer
É assim nosso viver



Baila bailarina
Prepara a sapatilha
Na ponta de teus pés
O mundo brilha
Baila com euforia



Baila bailarina
O sonho não acabou
Num palco de ilusões
Sorrindo ou chorando
O show sempre continua



Baila bailarina
A cortina vai abrir
Limpa o rosto
Força menina
Ainda não é tempo de partir



Baila bailarina
Teus passos te trarão alento
Baila bailarina
Flutua no ar
Logo voltarás a sonhar...


segunda-feira, 4 de julho de 2011

Até quando as autoridades vão fechar os olhos à violência que é cometida contra nossas crianças todos os dias?

Canção de ninar

(Deborah Rodrigues)



Dorme criança
Que vive na rua
Que vive sozinha
Num canto qualquer...



Dorme criança
Dos olhos sem luz
Do corpo tão frágil
Que a fome assolou



Dorme criança
Que a sociedade esqueceu
Que tão cedo aprendeu
Que o mundo é cruel



Dorme criança
Que jamais teve sonho
Cheirando cola
Pedindo esmola



Dorme criança
Sem teto
Sem voz
Sem vida



Dorme criança
Escuta essa canção
Que fiz para você
Para te envolver



Dorme criança
Quem sabe amanhã
Tudo mude
E nasça junto com o sol

       Um mundo de IGUAIS....