terça-feira, 19 de julho de 2011

Existem bons e maus profissionais em todos os setores da sociedade, infelizmente, quando são encontrados na SAÚDE o caos toma conta do PAÍS.

Carta a um médico
(Deborah Rodrigues)

Ei, olha para mim!
Sou essa pessoa sentada em sua frente enquanto você meticulosamente observa um papel em branco em sua frente.
A caneta circula entre em seus dedos ansiosa para dar fim aquele momento.
-Dói onde?
-Desde quando?
-Toma alguma medicação?
-Alguma doença coronária ou diabetes na família?
-Vou prescrever uma medicação, não melhorando os sintomas retorne em quinze dias.
Passaram-se 8 minutos desde o início da consulta.
Nesse momento você me pergunta meu nome, apenas para constar da receita, fico imaginando que cor seriam seus olhos.
O que te tornou assim tão austero, frio, distante.
Busco fotos de família no consultório e encontro a tradicional foto de família.
Mas há algo errado. Como alguém com uma família tão bonita, com um trabalho que por certo lhe exigiu anos de estudo e de dedicação e no qual foi vitorioso, pode ter de repente desistido de sonhar. Sim por que pelo que vejo, assim que conquistou a meta, declarou-se "realizado" e parou no tempo, iniciando nesse o momento o contador  de dias que faltam para aposentadoria.
Um paciente, é apenas mais um.
Um diagnóstico, é apenas mais um.
Um novo dia, é apenas mais um.
Mas e se o amanhã não chegar?
Qual o CID para desperdício de vida?
Bem se fosse no meu caso, você diria, depressão e me receitaria um antidepressivo.
Só que no meu diagnóstico eu diria falta de coragem e receitaria desafios.
Porque se tudo está tão confortável como está, para que mexer não é mesmo.
Para que ser feliz, se já se tem tanto!
Você me entrega sua receita, ainda com os olhos para aquele "santo" papel que para você é a expressão suprema de seu conhecimento a cerca do ser humano.
-Até mais.
Não me levanto e ele finalmente olha para mim, repetindo mentalmente com seu olhar, até mais!
São azuis, lindos olhos azuis.
-Até mais eu disse e a propósito, apesar dessa expressão tensa cansada, os seus olhos ainda conseguem se sobressair, só falta reencontrar o brilho deles...
Saí, sabendo que ele me observava assombrado, ou pela minha suposta petulância, ou por eu ter provocado nele a lembrança de quem um dia ele foi...

Nenhum comentário:

Postar um comentário