quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Saudades de uma casa onde ainda não vivi...

Tenho saudades de uma casa, que ainda não morei. Uma casa com cores, com perfumes. Com sol na janela.
Uma casa em que eu tenha sonhos, que hajam sorrisos e brincadeiras. Com árvores no quintal. Um jardim com flores coloridas. Muitas boroboletas. Queria uma cadeira de balanços na varanda onde pudesse compor meus versos e ficar esperando meu amor chegar em casa. Um fogão a lenha na cozinha. Cortinas de renda nas janelas esvoaçando com o vento. Queria sorrir a cada entardecer. Deitar na grama ao anoitecer e contar as estrelas. Ouvir os pássaros afoitos ao amanhecer. Queria não precisar mais destes remédios e consultas incansáveis. Nos dias de chuva tomar um chá e sentir o cheiro do mato invadindo a casa. Nada de trânsito, barulho, stress. Apenas a calma, a paz que tanto preciso. Estou cansada. Cada dia mais. Exames que nunca acabam, tratamentos que se repetem, problemas que se agigantam, me sinto uma pluma sendo levada de acordo com a vontade do vento. Queria tanto minha casinha no campo. Longe até mesmo de minhas doenças. Não preciso ser feliz lá, quero apenas descansar, numa cadeira de balanços, numa varanda qualquer...

terça-feira, 27 de setembro de 2011

A depressão é uma gaiola que te aprisiona mas que eventualmente esquece a porta aberta.

Acordei mais disposta que nos outros dias, fui a feira , comprei laranjas, senti o sol, esquivei-me das pessoas conhecidas e quando cheguei em casa bateu aquela vontade de mudar tudo dentro de casa. É como se nada mais combinasse comigo. Do outro o lado a vontade de deitar e dormir o dia todo. Abri a janela, uma brisa fresca, bem, porque não tentar pelo meu quarto. Durmo depois pensei... mas que depois demorado! Tirei tudo do quarto. O cheiro de mofo invadiu o espaço. Eu estava acostumada com ele e acho que descobri a causa de minha rinite. Aspirador, desinfetante, ficou bem cheiroso. Daí vem o trabalho da arquiteta de interiores, falta cor no quarto, um quadro enorme de tulipas coloridas com copos de leite preencheu a cabeceira da cama e o quarto inteiro com luz. uma colcha com rosas vermelhas, um tapete, o computador com um mesinha de escritório no cantinho, me tirando da cama, já que só uso o notebook na cama, alguns brinquedinhos na cômoda, fotos especiais na parede e um quadro com minha agenda na parede.
Ficou perefeito!Parece casa nova. E arrumei para mim!
Acabado, chupei a laranja com muito gosto e observo com prazer o fruto de meu trabalho.
Faz tempo que não cuido de mim.
Agora penso em me comprar um presente.
Amanhã levarei minha neta ao cinema pela primeira vez, estou ansiosa e com medo. Ela já tem 5 anos. Nosso 2º programa a dois. Pois vivo em minha masmorra. Não vou desistir, vou conseguir. Vamos ver os Smursfs e tomar sorvete. A depressão é uma gaiola que te aprisiona mas que eventualmente esquece a porta aberta.

sábado, 24 de setembro de 2011

Mais um dia igual a todos os outros...

Cotidiano
(Deborah Rodrigues)


A noite chegou
O silêncio nasceu
Portas fechadas
Luz dos faróis
Esqueço meu dia
Contando estrelas
Namorados no portão
Cães que ladram
Palavras ao vento
O tempo se esvai
Entre o sonho
E o momento presente
Meretriz na esquina
Vendendo o corpo
Já sem alma
Os vizinhos
Discutindo a relação
Os filhos chorando
Cotidiano suburbano
Fecho a janela
Vou dormir
Mais uma vez
Só...

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Você sabe o nome de seu vizinho?

Moro nesse condomínio há algum tempo e raramente saio de minha masmorra. São cinco blocos, 18 apartamentos por bloco. Sei o nome de minha vizinha do lado porque alugo a garagem dela, pois como excelente motorista que sou, não consigo manobrar e estacionar na minha vaga de garagem que fica no subterrâneo. Sei também o nome da síndica, porque sempre tive medo de síndicos e sei o nome de uma das meninas da limpeza porque seu nome é igual o meu aí torna-se impossível esquecer. Hoje resolvi abrir um pouco minha janela e cortinas e mostrar para minha cachorrinha Sophia o movimento da rua. Ao mesmo tempo o vizinho da sacada em frente saudou-me, apresentou-se e apresentou seu cachorro Cookie. Ele comentou quão estranho morarmos em frente um ao outro a tanto tempo e nunca nos falarmos, acenei que sim com a cabeça. Lembrei de quantos contatos virtuais eu tenho e como me comunico diariamente com eles e como é restrita minha comunicação com o mundo fora da tela do computador. Sophia também se tornou avessa ao contato com outros cães, acho que os cães assimilam a personalidade de seus donos. Penso se um dia irei me humanizar novamente. Me socializar. Acredito que não. Já se passaram quase três anos que decidi me afastar dessa sociedade e criar meu mundo paralelo, onde me sinto segura e protegida. Mas essa sou eu... E você, sabe o nome do seu vizinho?

domingo, 18 de setembro de 2011

Quando verei esse novo mundo.... essa nova era?

NOVA ERA
(Deborah Rodrigues)

Sonho com um mundo
Um mundo NOVO
Uma nova ERA
Em que santos e demônios
Convivam harmonicamente

Sonho com um mundo
De FÉ e de LUZ
Sem guerra, ódio e ganância
Um mundo IGUAL
Para todos

Sonho com um mundo
Em que se possa
Andar descalço
Pois não haverão
Minas no chão

Sonho com um mundo
Sem arame farpado
Sem fronteiras
Sem muros
Sem posses

Sonho com um mundo
Em que a mãe natureza
Não seja estuprada
Num ato covarde
Todos os dias

Sonho com um mundo
Sem doenças
Sem crianças famintas
Sem sangue no portão
Sem dor

Sonho com um mundo
Um mundo NOVO
Uma nova ERA
A ERA do AMOR
A ERA da PAZ...

 

sábado, 17 de setembro de 2011

Por que escrever versos a quem se ama se torna uma missão tão árdua?

A fuga dos versos
(Deborah Rodrigues)


Sempre que tento te escrever um verso
Eu fico muda
As palavras me fogem
Como se eu as desconhecesse
Balbucio frases esparsas
Sem sentido
Pareço criança
Tropeço nas leis gramaticais
Aurélio me olha horrorizado
Não encontro a rima
O tom
A inspiração está ali
Latejante, o poema querendo nascer
E nada...
Já não sei o que faço
Queria escrever um poema para você
Que falasse das coisas que sinto
Escrever um poema como o de Espanca
Ou versos como os de Neruda
Mas tudo me foge, me escapa
Ah... pobre de mim!
Vou te amar em silêncio
Poemar
em teu corpo
É só que me resta
Maldita fuga de versos
Que assola meu pensamento...

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Acho que me tornei uma velha chata e ranzinza....

Será que acontece assim com todos? Afinal já são quase 40 anos....
Já se tornou tarefa difícil me tirar um sorriso numa piada tosca, principalmente no humor televisivo que se tornou imbecil e ás vezes até grosseiro. Gosto do humor inteligente de Jô Soares, Millor Fernandes e aquele jeito jocoso e apimentado de Jabor. Filmes então, me tornei a própria crítica de artes, para conseguir um 8 o filme tem de ser praticamente perfeito, digno de um oscar. Considerando que para mim cinema é a primeira arte, costumo exigir demais deles, por isso, sou uma grande consumista de filmes, alguns assistindo  várias vezes. Novelas, vivo sem elas, todas iguais, o vilão, a mocinha, o mocinho, a sociedade refletida na tela, progetando astros para as pessoas esquecerem um pouco a miséria que vivem todos os dias e sonharem com um final feliz, gotas de manipulação diária, como o futebol.
Aliás a televisão é assim, manipulação. Telejornais, com tragédias e sangue para que as pessoas se alimentem dessa vontade de ver pessoas em situações de desespero. Verdade, quem nunca parou para ver um acidente? Uma pessoa passando mal? É nato no ser humano essa curiosidade mórbida. Morreram quantos? Doidos para chegar em casa e contar do acidente que viram e quantos mais óbitos a história se torna mais interessante. Pois é e eu aqui resmungando, sobre o meu BRASIL da dança das cadeiras, das propinas, melhor mesmo é ir fazer minhas palavras cruzadas, que até elas me tiram o sossego quando perguntam, nome do ator que atuou naquela novela, SOCORRO!

sábado, 10 de setembro de 2011

Chuva... enchetes em Santa Catarina e Enxurrada em mim...

Chove em mim
(Deborah Rodrigues)

Chove lá fora.
Inunda as casas.
Chove dentro de mim.
Transborda minh'alma.
Volta sol.
Para a água baixar.
Volta vida.
Para a dor passar.
Limpar a casa.
Recomeçar.
Limpar as feridas.
Remendar.
Trazer a família de volta.
Comprar novos móveis.
Trazer o amor que restou para perto.
Suportar a dor dos ausentes.
Retomar a rotina.
Trabalho, escola, lazer, viver.
Retomar a rotina.
Rezar, esperar, sobreviver.